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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Da arte para vida



A arte encanta, eleva, transforma...
Mas transforma quem? Em que?
Transforma quem vê, quem a faz?
O que é a arte?
Nada mais que linhas e manchas,
E mesmo quando apenas isso,
Deslocamos-nos com arte através da vida.
Seguindo pelas linhas, passando pelas manchas
Formando os desenhos de nossa existência.
Alguns reclamam de suas imagens
Sem perceber que as pintaram.
É preciso arte para criar, para viver,
Sem o pulsar da vida não se há arte.
E quando com tempo se vão as cores,
Para quadros, sempre há um restaurador.
A vida só se repara no processo, depois de terminada, finda-se a arte
Assim vamos pelas linhas, sobre as manchas, nas cores existência,
No desenho do mundo, na arte da vida.
Texto: Stones Photo: Beholder

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Simples desejo


Bom dia...
Para quem?
Mania estranha essa que as pessoas têm de desejar bom dia.
Por quê sustentar tão estranho hábito se nem mesmo somos capazes de definir o que seria um dia bom.
Milhões de pessoas acordam todos os dias, apertam seus botões de automático e iniciam suas atividades. Vão de um lado para o outro, de um ônibus para o outro, sobrevoam quilômetros, caminham quilômetros... Mas nunca sabem para onde estão indo.
Buscam incansavelmente... Mas buscam pelo o quê mesmo? Ninguém sabe.
A maioria mais perde do que ganha.
Não têm o que vestir, não têm o que comer, não têm a quem pedir socorro, não têm para onde ir... Mas vão. A máquina não pode parar.
Nós não podemos parar.
Não podemos parar para pensar. Não podemos parar para agir. Não podemos parar para mudar. Não temos tempo para isso.
E entre passos apressados, entre um tropeço e outro, desejamos a quem passa um bom dia, sem contudo realmente o desejar.
Porque o que desejamos mesmo é que aquele dia acabe, que o tempo passe, que a idade avance, que a barriga esteja cheia e a mente vazia. Porque se pararmos e observarmos logo veremos que nada está bom, que nada está certo.
E percebemos, ao fim, que um bom dia se faz com muito esforço, com porções diárias de frustrações, mas também com doces pitadas de alegria e a esperança de que realmente pode ser bom... E que vale a pena.
Texto: Camila Photo: Beholder