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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Imagem



A definição do dicionário diz: “Representação gráfica, plástica ou fotográfica de pessoa ou de objeto”. Ou seja, em se tratando de uma representação, podem-se ter opiniões e pontos de vistas diferentes sobre determinada imagem, ou até mesmo uma idéia comum sobre a mesma imagem. Partindo deste princípio, a imagem parte de uma definição pessoal e particular de cada pessoa. Na sociedade “imagem” é um fator carregado de conceitos e preconceitos. A nossa imagem é avaliada e analisada a todo o momento pela visão do outro. Seja, em uma festa onde os olhares passeiam pelas roupas, penteados, sapatos, cores, jóias, enfim um conjunto de aparatos que fazem construir uma definição do individuo: “bem vestido ou mal vestido”, ou no ambiente de trabalho onde a imagem é estabelecida através dos cargos ocupados dentro de uma empresa. Quando pensamos em um executivo, na maioria das vezes, o terno e gravata é a primeira imagem, um auxiliar de serviços gerais, relacionamos a um uniforme, ou algo mais simples.
Enfim, tanto no âmbito pessoal, quanto no âmbito profissional a imagem segue uma exigência estética. E aí está à problemática. Muitas vezes, ficamos aprisionados a um padrão preestabelecido, igual uma receita de bolo. Uma mulher de terninho em cima de um scarpin passa a imagem de uma pessoa poderosa, que sabe o que quer, ou alguém com chinelo, camiseta regata, short surfista, vem à imagem de uma pessoa despojada e livre. Pode ser uma definição verdadeira ou talvez esteja presa a um modelo mental associado a um padrão estético.
Não devemos levar ao pé da letra a frase: “A primeira imagem é a que fica”. Porque esta “primeira imagem” pode ser equivocada e está associada a vários fatores sociais e culturais que difere da verdadeira personalidade da pessoa. E a partir disso podem surgir o preconceito e os julgamentos precipitados que fazem com que as pessoas enxerguem o outro baseado no que a moda, a mídia, a diferença social nos apresenta a todo o momento. Quando encontramos um mendigo na rua, com roupas sujas e rasgadas é muito cruel pensar que ele seja alguém, inferior, doente ou vagabundo. Nunca saberemos se não conhecermos a sua verdadeira história e que o fez ficar naquela condição.
Não é através de um terno, ou de uma camiseta que vamos definir se alguém é bom ou ruim. Não é em cima do salto que vamos conseguir o respeito das pessoas. Temos que aprender a ser livres de verdade, e não nos esconder em uma camuflagem para aparentar isso ou aquilo. A imagem é importante e devemos cuidar dela, porém ela não pode ser maior do que a nossa alma e a nossa essência.



Texto: Cláudia Borges Photo: Beholder